sábado, 1 de dezembro de 2012

ESPAÇO DA LITERATURA - JOSE DE ALENCAR

SEMANA  JOSE DE ALENCAR

¨O amor, porém, é contagioso, com especialidade na solidão, onde a alma tem necessidade de uma companheira, e quando de todo não a encontra, divide-se ela própria para ser duas: uma, esperança; outra, saudade¨
José de Alencar



José de Alencar, (1829-1877) foi romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista. Destacou-se na carreira literária com a publicação do romance "O Guarani", em forma de folhetim, no Diário do Rio de Janeiro, onde alcançou enorme sucesso.  "O Guarani" serviu de inspiração ao músico Carlos Gomes, que compôs a ópera O Guarani. Foi escolhido por Machado de Assis, para patrono da Cadeira nº 23, da Academia Brasileira de Letras. consolidou o romance brasileiro, ao escrever movido por sentimento de missão patriótica. O regionalismo presente em suas obras, abriu caminho para outros sertanistas, preocupados em mostrar o Brasil rural. criou uma literatura nacionalista onde se evidencia uma maneira de sentir e pensar tipicamente brasileiras. Suas obras são especialmente bem sucedidas quando o autor transporta a tradição indígena para a ficção. Tão grande foi a preocupação de José de Alencar em retratar sua terra e seu povo que muitas das páginas de seus romances relatam mitos, lendas, tradições, festas religiosas, usos e costumes observados pessoalmente por ele, com o intuito de, cada vez mais, abrasileirar seus textos.

VIDA E OBRA

¨Cada região da terra tem uma alma sua,raio criador que lhe imprime o cunho da originalidade natureza infiltra em todos os seres que ela gera e nutre aquela seiva própria;e forma assim uma Família na grande sociedade Universal¨.
Jose de Alencar

Sua obra e dividida em três etapas:
 Romances urbanos
Cinco minutos (1860)
A viuvinha (1860)
Lucíola (1862)
Diva (1864)
A pata da gazela (1870)
Sonhos d’ouro (1720)
Senhora (1875)
Encarnação (1877)

Romances histórico (Indianista)

O Guarani (1870)
Iracema (1875)
As Minas de prata (1865)
Alfarrábios (1873)
A guerra dos mascates (1873)
Ubirajara (1874)

Romances regionalistas

O gaúcho (1870)
O tronco do Ipê (1871)
Til (1872)
O sertanejo (1876)

-1856 - Cinco Minutos, assim como A Viuvinha, foram escritos no início da carreira do autor. Assim como os outros romances caracterizados pelo romantismo ingênuo de Alencar, esses dois não fogem à regra, são feitos aos moldes de folhetim, curtos, quase infantis. Têm como pano de fundo o Rio de Janeiro.
-1856 - A Viuvinha, publicado em 1857, é o romance no qual o autor quis superar tudo e fazer o herói rico, feliz e honesto, na flor da mocidade, isso no quadro de uma sociedade profundamente assimétrica. A obra no traz elementos como o acaso, o mistério, o suspense, certa religiosidade, a idealização e as fragilidades femininas, a descrição de ambientes, costumes e o "tão esperado final feliz" 
-1857 - O Credito, modelo do teatro francês centrado nos temas que preocupam a burguesia,dinheiro amor Jose de Alencar não se limita a transpor para os palcos do Rio  o que se produz em Paris.De seu teatro ele extrai uma reflexão sobre os rumos da sociedade brasileira em um momento de prometida transição entre o passado colonial patriarcal e o futuro capitalista burgues. No centro desta reflexão esta o papel da mulher e por extensão da família
-1857 - Verso e Reverso,peça teatral analise de um estudante paulista que vai passar ferias  na capital imperial brasileira,Rio de Janeiro.
 -1857 - Demônio Familiar, é considerada uma das melhores peças teatrais de José de Alencar, que a escreveu em sua mocidade. O Demônio Familiar é uma comédia em quatro atos, de costumes leve, uma peça que não oferece grandes dificuldades. É a história de um escravo que quer casar os patrões com parceiros mais abonados e acaba sendo o capeta da trama. O castigo que ele recebe é a alforria. Fica a ideia de que o negro tem de ser tutelado. Vale lembrar que o autor era um aristocrata rural.
-1857 - O Guarani, Escrito originalmente em folhetim, entre fevereiro e abril de 1857, com 54 capítulos, O Guarani teve tal êxito na edição folhetinesca que, antes do fim do ano de 1857, foi publicado em livro, com alterações mínimas em relação ao que fora publicado em jornal.
-1858- As Asas de um anjo,considerado imoral na época por causa da cena em que Carolina,personagem principal da historia,e assediada pelo pai bêbado, o livro se transformou em uma peça de teatro
-1860 - Mãe,peça teatral em quatro atos passa no Rio de Janeiro,em 1855,nela é contada o drama de um homem que vende sua escrava para ajudar um amigo com problemas financeiros
-1862 - Lucíola, é o quinto romance de Alencar e o primeiro da trilogia que ele denominou de "perfis de mulheres" (Lucíola, Diva e Senhora). Situa-se entre seus romances urbanos que representam um levantamento da nossa vida burguesa do século passado. A obra é um romance de amor bem ao sabor do Romantismo, muito embora uma ou outra manifestação do estilo Realista aí se faça presente. Trata-se de um romance de "primeira pessoa", ou seja, o narrador da história é um personagem importante da mesma, Paulo Silva. E ele a narra em cartas dirigidas a uma senhora, G. M. (pseudônimo de Alencar), que as publica em livro com o título de Lucíola. Fixam o  Rio de Janeiro da época, com a sua fisionomia burguesa e tradicional, com uma sociedade endinheirada que frequentava o Teatro Lírico, passeava à tarde na Rua do Ouvidor e à noite no Passeio Público, morava no Flamengo, em Botafogo ou Santa Teresa e era protagonista de dramas de amor que iam do simples namoro à paixão desvairada.
-1864 - Diva, O romance urbano segue muitas vezes o padrão do típico romance de folhetim, retratando a alta sociedade carioca com todas as suas belas fantasias de amor. O romancista, no entanto, vai além: por trás de toda a pompa e final feliz onde todos os segredos e suspenses que se desenvolvem nas complicadas tramas são desvendados, está a crítica, a denúncia da hipocrisia, da ambição e desigualdade social. Alencar se especializou também na análise psicológica de suas personagens femininas, revelando seus conflitos interiores. Essa análise de caráter mais psicológico do interior das personagens remete sua obra a características peculiares dos romances realistas, sobretudo de Machado de Assis. Diva faz parte desta lista de romances urbanos .A protagonista Emília, personagem central do romance, é uma jovem mimada, filha de um rico capitalista do Rio de Janeiro. Busca incansavelmente um marido mais interessado em amor que em dinheiro. Em Diva, José de Alencar, tem um narrador, Amaral, que conta toda as suas aventuras romanescas com Emília, para Paulo, o personagem que Lúcia amou, em Lucíola. A história do médico Amaral e Mila é apresentada por Paulo.
-1865 - Iracema , ( ¨a virgem dos lábios de mel e cabelos tão escuro como a asa da graúna¨), ou por ter atingido a maturidade nos temas indianistas, ou porque nessa obra não há a rigor nenhum compromisso com uma afirmação nacional pela literatura, atinge seu romance mais bem estruturado, sob o ponto de vista estético. Iracema é o exemplar mais perfeito de prosa poética de nossa ficção romântica, belíssimo exemplo do nacionalismo ufanista e indianista, com o qual Alencar contribuiu com a construção da literatura e da cultura brasileira.
-1865 - As minas de pratas volumes l e ll, mostra o Brasil na época, como colônia de Portugal. Anos em que havia grande interesse europeu em terras brasileiras para a exploração do pau-brasil, madeira que existia com relativa abundância em largas faixas da costa brasileira.Neste período, o Brasil, vivia sob constantes ameaças holandesas, espanholas e da Companhia de Jesus. É neste meio que estão as minas de prata, que assim, dá origem à história de José de Alencar, narrada em terceira pessoa.
-1870 -  A Pata da Gazela, foi escrito baseado no conto A Cinderela. O autor aproveita-se do enredo, no qual uma jovem, ao entrar apressada dentro de uma carruagem, perde um par de seu sapato, que é encontrado por um rapaz. Inquietado pelo calçado, ele sai à procura da dona do objeto, não desistindo até encontrá-la. A partir daí, o romancista desenvolve seu enredo, um texto irônico e crítico sobre a sociedade brasileira do século XIX. O livro é a tentativa de José de Alencar de mostrar como o amor deve ser, não pela plástica como o de Horácio, mas pela alma como o de Leopoldo. Outra dimensão de um romance é sua historicidade, isto é, seu caráter de objeto produzido num determinado momento histórico, destinado a ser consumido por um público de características específicas e fruto de uma concepção de literatura muito peculiar. No caso de A Pata da Gazela, imerge-o em plena moda romântica, quando o romance visava ao entretenimento e para isso envolvia o leitor em peripécias sucessivas: fazia-o presenciar cenas patéticas de paixões não correspondidas, fazia-o comover-se com desencontros lacrimosos, tudo isso para possibilitar ao leitor identificar-se aos personagens e assim escapar, por instantes, à rotina do cotidiano burguês.
-1870 - O Gaúcho, é um romance narrado em terceira pessoa. Nesta obra, José de Alencar retrata o Brasil, principalmente os Pampas, focaliza ambientes brasileiros, afastados das riquezas. No capítulo II podemos contemplar a paisagem do sul do Brasil: o gaúcho a cavalo correndo pelos pampas foi o primeiro da série com qual Alencar tentou um "retrato do Brasil", focalizando ambientes brasileiros afastados do bulício da corte.
-1871 -  O Tronco do Ipê, no romance regionalista José de Alencar narra a história de um amor envolvido em mistérios, à sombra de um crime. A obra retrata também a decadência da região do café no Rio de Janeiro do século XIX. Traz como cenário o interior fluminense e trata da ascensão social de um rapaz pobre. o romancista contrasta duas figuras brasileiras de meninas moças; Alice e Adélia com alguma coisa de "flor agreste, cheia de seiva, e habituada a se embalar ao sopro da brisa ou a beber a luz esplêndida do sol". Adélia com "certo ar de languidez, que se nota nas flores dos jardins, assim como nas moças criadas sob a atmosfera enervadora da cidade".
José de Alencar incluiu nesse romance um conto sobre a mãe-d'água, em que figura um palácio de ouro e de brilhantes no fundo do mar.
-1871 - Til,Segredos antigos,desencontros amorosos e renuncias-estão presentes neste destacado romance regionalista Jose de Alencar documenta o cotidiano numa fazenda paulista do seculo XlX,Til é o apelido de Berta,a heroína capaz de imensos sacrifícios por um ideal.
-1872 - se tornou pai de Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca totalmente confirmada, seria na verdade filho de Machado de Assis, dando respaldo para o romance Dom Casmurro.[
-1872 - Sonhos de Ouro, algumas passagens que consideram inspiradas na felicidade conjugal que Alencar parece ter experimentado ao lado de Georgiana. Na obra o dinheiro representa o instrumento que permitiria autonomia de Ricardo e seu casamento com Guida; nos tempos do Segundo Reinado, as barreiras sociais impedem a plena manifestação do amor entre Ricardo, jovem bacharel provinciano, e Guida, uma moça da corte, educada à inglesa.
-1873 - Alfarrábios, também  é um dos romances de José de Alencar,  Alfarrábios esta entre as obras importante e Alencar ,é uma trilogia  dividida em ¨O Garatuja¨,O Ermitão da Gloria ¨e ¨Alma de Lazaro¨.
-1873 - Guerra dos Mascates, buscou no passado histórico brasileiro inspiração para escrever seus romances, criando quase sempre uma nova interpretação literária a fatos marcantes da colonização, como o busca por ouro no interior do Brasil e as lutas pelo aumento das terras nas fronteiras brasileiras. Seus enredos denotam em vários momentos um nacionalismo exaltado e o orgulho pela construção da pátria.  A Guerra dos Mascates, romance homônimo, personagens ficcionais escondem alguns políticos da época e até o próprio imperador, que aparece sob a pele do personagem Castro Caldas Romance histórico de gênero narrativo, reporta-se um episódio da História do Brasil: a luta travada entre as cidades de Olinda e Recife, nos anos de 1710 e 1711.
 -1874 - Ubirajara é um livro importante no conjunto das obras indianistas de José de Alencar e fundamental no conjunto, completando sua intenção de fazer uma obra panorâmica, que mapeasse o país tanto geográfica quanto cronologicamente. Assim, a história do "senhor da lança" mostra uma terra selvagem, com sua pureza ainda não profanada pela presença do branco invasor. É um Brasil pré-cabralino, ao passo que O Guarani e lracema já revelam o contato com a cultura branca européia (D. Antônio, Ceci, Martim) e suas conseqüências. Os primeiros cronistas, entre eles Pero Vaz de Caminha, mostram preconceituosamente um índio sem fé, nem lei, como se não tivesse cultura, somente porque não possui a  cultura cristã européia. Essa desvalorização da cultura do habitante primitivo desta nossa terra é questionada por Alencar no prólogo intitulado Advertência. Diz o autor:“Este livro é irmão de Iracema.
Chamei-lhe lenda como ao outro. Nenhum título responde melhor pela propriedade, como pela modéstia, às tradições da pátria indígena. Quem por desfastio percorrer estas páginas, se não tiver estudado com alma brasileira o berço de nossa nacionalidade, há de estranhar entre outras coisas a magnanimidade que ressumbra no drama selvagem a formar-lhe o vigoroso relevo. Como admitir que bárbaros, quais nos pintaram os indígenas, brutos e canibais, antes feras que homens, fossem suscetíveis desses brios nativos que realçam a dignidade do rei da criação?
-1875 - Jesuíta, Drama em quatro atos,estreado em setembro de 1875,foi um fracasso,não havia quase ninguém para assisti-lo
1875 - Senhora, O romance pode ser considerado uma das obras-primas de seu autor e uma das principais da literatura brasileira. Uma vez que trata do tema do casamento burguês,  baseado no interesse financeiro, pode ser considerada precursora do Realismo ou pré-realista.  
-1875 - O Sertanejo, romance da fase regionalista (ou sertanista) de José de Alencar, põe em cena o interior nordestino do século XVIII, onde se desenrola a trajetória repleta de heroísmo de Arnaldo, vaqueiro cearense, homem do campo, simples, mas bravo lutador que tudo enfrenta por amor e por seus ideais. Os dias e os trabalhos do vaqueiro traçam um painel do Nordeste do Brasil.
-1877 - Encarnação. Escrito em 1877, só foi publicado em livro postumamente. Último romance de José de Alencar, Encarnação foi escrito aos 47 anos de idade, meses antes do falecimento do autor divulgado em 1893.
-1877 Vítima de tuberculose, viaja para a Europa, tentando curar-se.volta ao Brasil, Falece no Rio de Janeiro a 12 de dezembro 1877.Machado de Assis, que esteve no velório de Alencar, impressionou-se com a pobreza em que a família Alencar vivia.
Em sua homenagem foi erguida uma estátua no Rio de Janeiro e um teatro em Fortaleza,chamado "Teatro José de Alencar"..A Praça José de Alencar (Ceará) é uma homenagem da sua cidade natal.

Só a ignorância aceita e a indiferença tolera o reinado da mediocridade.

José de Alencar


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